Nemah(*)
Nemah no alto do templo,
o vento.
A voz no eco do tempo,
música na imensidão.
A dor apertada no peito
sufoca a nota no ar.
O peso do corpo no chão,
a leveza do Espírito que vai
em direção à Luz.
Nemah silencia a voz
nas areias.
Movediço o tempo para trás.
A nota termina com um
grito que só sua alma escuta.
As mãos ao peito ela cala-se
a multidão silencia ainda mais.
Silencia o deserto,
silencia Tebas.
A sacerdotisa do templo
não vai mais brilhar.
A silhueta esguia, esquiva-se
da matéria.
Parte e deixa suas mãos
ao peito, calando com silêncio
seu grito de dor
ou de Amor.
Virgílio
30.01.2011
(*)Numa encarnação longínqua, fui Nemah (pronuncia-se “Nimá”), sacerdotisa egípcia que cantava num templo na cidade de Tebas, atual Luxor. Desencarnei por volta dos 30 anos, enquanto cantava no templo, vitima de ataque cardíaco. Virgílio, meu mentor espiritual, escreveu este poema sobre o desencarne da sacedotisa.
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